CRUZEIROS




                                                      CRUZEIRO DE PORTUGAL 



A nascente da cidade de Silves, em direção ao Enxerim, encontra-se a enigmática, e de incontestável beleza, "Cruz de Portugal". Trata-se de um cruzeiro do final de século XV ou início do séc. XVI, esculpido em calcário branco. Os motivos artísticos que evidencia são atribuídos ao gótico florido, muito embora haja quem sustente que a Cruz de Portugal apresenta motivos e símbolos manuelinos. Esta obra, classificada como Monumento Nacional desde 1910, mede cerca de 3m de altura e ostenta um minucioso trabalho escultórico representando numa face Cristo crucificado e, do lado oposto, Cristo descido da cruz nos braços de sua mãe.


A lenda do Galo

A curiosa lenda do galo está associada ao cruzeiro medieval que faz parte do espólio do Paço dos Condes. Segundo esta lenda, os habitantes do burgo andavam alarmados com um crime e, mais ainda, com o facto de não se ter descoberto o criminoso que o cometera.
Certo dia, apareceu um galego que se tornou suspeito. As autoridades resolveram prendê-lo e apesar dos seus juramentos de inocência, ninguém acreditou que o galego se dirigisse a Santiago de Compostela, em cumprimento de uma promessa, e que fosse ferveroso devoto de Santiago, S.Paulo e Nossa Senhora. Por isso, foi condenado à forca. Antes de ser enforcado, pediu que o levassem à presença do juiz que o condenara. Concedida a autorização, levaram-no à residência do magistrado que, nesse momento, se banqueteava com alguns amigos. O galego voltou a afirmar a sua inocência e, perante a incredulidade dos presentes, apontou para um galo assado que estava sobre a mesa, exclamando: “É tão certo eu estar inocente, como certo é esse galo cantar quando me enforcarem”. Risos e comentários não se fizeram esperar mas, pelo sim pelo não, ninguém tocou no galo.
O que parecia impossível tornou-se, porém, realidade! Quando o peregrino estava a ser enforcado, o galo assado ergueu-se na mesa e cantou. Já ninguém duvidou das afirmações de inocência do condenado. O juiz correu à forca e viu, com espanto, o pobre homem de corda ao pescoço. Todavia, o nó lasso impedia o estrangulamento. Imediatamente solto foi mandado em paz. Passados alguns anos, voltou a Barcelos e fez erguer o monumento em louvor a Santiago e à Virgem.

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